Quando o abraço acontece

O relógio acelerado afastou muita gente querida, a distância comprometeu amizades antigas e a pressa acabou com aquele entrosamento saudável, que alegrava a vida nos gestos mais simples, porém essenciais. A rotina é um rio violento, cujas águas afogam relações marcantes. Não deveria ser assim, como se tudo a volta estivesse em ritmo frenético, e nós, os atarefados, já não soubéssemos o real valor de olhar para os lados.

Aquela conversa profunda transformou-se em um sorriso sem graça e os encontros são cada vez mais raros. Motivo? Correria da vida agitada. Estamos ocupados demais, cansados demais, concentrados demais com múltiplas demandas a longo prazo. E, sem perceber, vamos nos isolando, ficando reclusos, impossibilitando a existência de boas interações, principalmente no instante que alguém mais necessita ser alvo do nosso olhar atencioso.

Além das palavras verbalizadas, onde foram parar os abraços aconchegantes? Os mais doces, os mais ternos, aqueles capazes de enxugar as lágrimas mais tristes? Num abraço, o tipo que envolve todo ser, pessoas chegam em pedaços, mas saem refeitas. Chegam cansadas, mas recebem restauração. Chegam duramente perdidas, mas encontram direção. É assim que Cristo, o próprio amor, o Nome sobre todo nome, nos toma pelas mãos, envolve nosso ser conduzindo-nos ao lugar de paz em meio a guerra, quando decidimos andar com ele.

Quando o abraço acontece, a transmissão do amor torna-se latente. É possível sentir um coração batendo forte em direção o outro, perceber no peito a vida bem ali diante dos nossos olhos. Inúmeros benefícios estão contidos nesse gesto singular, tanta beleza extraordinária. Quando abraçamos, o nosso organismo libera hormônios, até a nossa imunidade aumenta. Cristo torna-se, de fato, vivo em nosso meio, rompendo com Seu poder as amarguras internas, sendo consumada a glória dEle sobre os feridos da alma.

Incontáveis são as pessoas tão penalizadas na alma que não conseguem ser alcançadas pelo abraço de ninguém. Que você, assim como eu, decida abraçar física e emocionalmente demonstrando carinho por quem nos cerca, pois o mundo já está cheio de gente que destila ódio e rancor. Não espere alguém que te dê um abraço que cura, seja você o abraço que cura alguém.

O Rei Jesus ensina que muito melhor é dar do que receber, inclua o abraço nesse precioso gesto. Abrace sem receios, simplesmente vá agora mesmo. Não espere que alguém tome a iniciativa, faça você primeiro. Abrace a vida e os que estão vivos com você. Seja o abraço acolhedor para quem precisa ser alcançado pelo perfeito amor do Majestoso Filho de Deus.

“Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber”. Atos 20.35

Bárbara Rebouças

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